sexta-feira, 5 de março de 2010

sobre o moço mais bonito

Em 2007, quando morava em BH e dividia o apartamento com uma patricinha do Paraguai e o meu melhor amigo gay, conheci o cara mais bonito que já vi pessoalmente. Cheguei da faculdade e ele estava lá, sentado no sofá, com aqueles ombros largos, olhos azuis e com a barba por fazer. Perdi o rumo na hora, claro. De repente, meus braços se tornaram coisas sem sentido e eu não sabia onde colocar as mãos.

Fomos apresentados formalmente. Ele tem o nome de um rio que desagua no Mar Mediterrâneo. Bem conveniente, com esses olhos azuis de doer nada melhor do que carregar o nome de um rio!

Ele estava na cidade de passagem e meu melhor amigo gay o tinha convidado pra passar em nossa casa. É claro que desde o momento que eu o vi, comecei a me indagar sobre a sua sexualidade. Mas será que ele é gay? Não pode ser. Seria muita sacanagem da vida um Homem desses ser gay.

Fotógrafo, agrônomo e modelo. Tinha acabado de chegar da Nova Zelândia e estava cheio de novidades. Eu disse que amava fotografias e ele foi todo feliz me mostrar seus equipamentos. Cismou que queria tirar uma foto minha, mas não deixei. É sou tímida, por mais incrível que pareça.

Não sei que horas eram nem quanto a gente tinha bebido, mas ele começou a me contar sua vida sentimental. Ele tinha namorado por 8 anos com uma mulher (linda, por sinal. me mostrou a foto) e tinha alguns meses que o relacionamento tinha acabado. Foi quando ele começou a se interessar por homens. Casos escondidos, longe da cidade dele e longe do olhar de todos. Pra falar a verdade, ninguém do ciclo social da vida dele, sabia dessas escapadas sexuais. Ninguém.
Tinha até um lance da ex-namorada estar o esperando. E ele até pensava em voltar pra ela, quando as aventuras o enjoassem.
Mas aí que está, o moço mais bonito que conheci era covarde. Sempre ouvi de homens (heteros ou não) que quando começassem algum relacionamento sério, ou quando noivassem, ou quando casassem, deixariam as aventuras de lado. Como podem se enganar de tal forma?

Eu acho que não existe covardia PIOR do que um filha da puta de um enrustido casar e se matar pra conviver com uma mulher que não deseja. Ainda fazer juras de amor eternas e fazer filhos nessa mulher que se doou por completo na relação e acredita que o marido é dela.
Porque quando a gente ama, a gente acha sim que somos um do outro. Sem essa palhaçada de não-pertencemos-a-ninguém-além-de-nós-mesmos. Queremos pertencer a alguém. Queremos que cuidem, que sintam ciúmes, que desejem, que amem.

Tenho medo de chegar aos 20 anos de casada e ser surpreendida por uma notícia dessas: Senhora, sinto lhe informar, mas seu marido é gay. Ou pior, eu o flagrar em alguma cena suspeita.
Pois sim, o moço com nome de rio achava que isso passaria. Que ele viveria essas aventuras homossexuais por um tempo e depois voltaria pros da coitada que o esperava no Triângulo Mineiro. O moço mais bonito que já vi é desses caras. Alguns anos se passaram, ele já foi pra Nova Zelândia, já voltou pro Brasil e tudo que sei é que ele ainda acha que essa fase é passageira. Porque ele não trata o homossexualismo como um fato. E sim como uma estado de espírito. Agora é sentar pra ver quem vai sofrer mais no final das contas, ele ou as mulheres que passam pela vida dele sonhando em o ter para sempre.

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